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Uma alma morta porém ressuscitada. Um soldado maníaco com uma metralhadora que cospe fogo e palavras. E nas guerras das palavras eu sou veterano. Eu sou o homem-tigre. Somewhere in hell, i'm still typing.

domingo, 17 de maio de 2009

E.F.A.


O que me irrita é a quantidade de escritores frustrados que têm por aí. Eles te esperam nos cantos mais remotos. Por trás dos muros, nas esquinas, nos telefones públicos e na segurança covarde das correspondências. Eles se dedicam a encher o teu saco, a te fazer bocejar de tédio, caso você seja um sujeito com um pouquinho de realização pessoal. Eles tentam afundar você, como se estivessem frente a um Titanic. Mas eles não são icebergs. São apenas escritores frustrados e nada mais.
Esse tipo de gente sonha em ter um livro publicado, em ter os seus nomes em cartaz, sonham em poder escrever “artista” no espaço em branco onde escrevem desempregado ou acadêmico ou crítico ou... intelectual... Ha, ha. Esses caras sonham em ser alguém. Por isso se dedicam a encher o teu saco, porque você está roendo o osso que eles gostariam de roer. Tristes figuras.
Outro dia fiquei pensando nesse tipo de coisa. Foi quando recebi um e-mail de um sujeito anônimo (nunca se identificam... acho que acreditam estar preservando os seus nomes para quando forem superstars...) com aquele papinho besta de sempre: você não é escritor... blá blá blá... você precisa ser acadêmico... blá blá blá... os jovens não compreendem a literatura... blá blá blá... literatura é coisa hermética... é quase uma maçonaria...blá blá blá... e por aí vai. Que toupeira.
Esses sujeitos transitam pela arte como se estivessem pisando em ovos. Sofrem para escrever um parágrafo. Suam para criar. Deviam ser joalheiros ao invés de escritores. Assim poderiam continuar com suas fúteis lapidações até o infinito. Não que eu seja contra retoques. Mas, meu amigo, lugar de floreio é em novela mexicana. Cada macaco no seu galho. Atravesse a rua caso encontre algum desses tipos. Se você é ou vai ser um escritor, não perca tempo com sujeitos assim. Se quiser acreditar em alguém, acredite em Rimbaud, e não em algum pobre coitado com mestrado em Rimbaud. Acredite em quem vive, e não em quem teoriza sobre a vida. Arte se vivencia, não se estuda. Técnica se estuda, e nada mais que isso.
Então sentei na cadeira e fiquei pensando nesse tipo de gente, nesses escritores frustrados, e acabei chegando à conclusão de que o melhor para eles seria fundar um grupo de apoio. Um grupo de apoio onde os escritores frustrados pudessem se reunir e chorar suas mágoas e se ajudarem uns aos outros. Poderia se chamar E.F.A. Escritores Frustrados Anônimos. Seria uma boa. Eles se juntariam aos sábados à noite (já que nenhum deles tem coisas a fazer nos sábados à noite), e remoeriam suas lamúrias. Diriam coisas do tipo: meu nome é Zé da Silva, sou um escritor frustrado e há uma semana não encho o saco de ninguém. E todo mundo bateria palmas. Lágrimas, palmas, conselhos, consolos. A associação dos escritores frustrados.
Acho que deve existir esse tipo de gente em todo lugar. Pessoas assim são como sombras, asas negras. Para cada escritor, existe um escritor frustrado; para cada ator, existe um ator frustrado; para cada pintor, para cada jornalista, para cada matemático, para cada auxiliar de limpeza, existe um frustrado para encher o saco. E eles estão consumidos pelo rancor de maneira tão intensa, tão cáustica que já não enxergam mais a arte, não enxergam mais a vida. Tudo que enxergam são os seus estúpidos propósitos. E as suas mágoas, que para eles soam como a Divina Providência. Logicamente que não tomam qualquer providência em suas pobres existências. Logicamente que não sabem o que é divino.

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